7.27.2004

Ela não quer

Chega de silêncio em excesso. Chega de maus tratos. Chega de amor subentendido. Chega desse luto eterno, dessa angústia que nunca passa. Chega desse orgulho abusivo, que a maltrata; desse silêncio que espanta. Mudanças acontecem, mas são muito difíceis de se lidar, ainda mais quando fazem tão mal. Ninguém explica. Ninguém fala, ninguém contesta. Fala-se pelos cantos. Um pouco aqui, um pouco lá. Ela tem que ouvir tudo; o lado de cá e o lado de lá. Quieta, sempre quieta. Afinal, ela não tem o que fazer. Ela não sabe o que fazer, que atitudes tomar. Apenas não suporta essa situação. Não que ela deva suportar também, mas é obrigada. Faz mal, ela se sente triste, chora por não saber o que fazer e ver tudo desmoronar assim, de repente. Ela não sabe o que dizer, quando sabe, de nada adianta.
O jantar ocorreu em silêncio, todos olhando pra baixo, assim como o almoço. Quando se fala, é rápido, em tom baixo e grosso. Pequenas atitudes são leviana e grosseiramente contestadas, também de maneira curta - e grossa. Depois, cada um num cômodo. Quando um levanta a voz é para exigir algo, fala-se com um tom de cobrança por trás, de exigência, de possessividade. Possessivo. Essa é a palavra. Ela sofre. E como sofre.
 
Ela apenas não agüenta mais.
 
Talvez ela mereça tudo isso. Talvez, não.
 
*******
 
Talvez alguém tenha entendido; talvez, não.

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